Destaque Econômico

30/04/2015

Destaque Econômico - Balanço mostra os estragos na Petrobras

Foi como “um desastre aéreo”, disse o presidente da Petrobras ao pedir desculpas ao povo brasileiro, na apresentação do balanço da maior empresa brasileira, com o primeiro prejuízo desde 1991, da ordem de R$ 21,6 bilhões. O balanço é a confissão dos estragos provocados pela má administração, pela ingerência política e pela corrupção nos últimos dez anos. O mercado recebeu o balanço com certo alívio, na expectativa de que o reconhecimento contábil dos erros possa ser o ponto de partida para a reconstrução da empresa.


Foram registradas perdas de R$ 44 bilhões na revisão no valor de ativos, principalmente na refinaria de Pernambuco e no pólo petroquímico do Rio de Janeiro, e R$ 6,2 bilhões atribuídos diretamente à corrupção. A empresa também teve que se endividar para manter os preços dos combustíveis abaixo dos custos de importação, a partir de 2010, por pressão do governo para evitar a inflação, o que teria gerado perdas entre R$ 60 e 80 bilhões.
O maior desafio da Petrobras é administrar o seu endividamento, cujo valor líquido ficou em R$ 282 bilhões em 31 de dezembro. A dívida bruta foi a R$ 351 bilhões. Hoje está ainda maior, com os novos empréstimos contratados. Um novo Plano de Negócios está sendo elaborado com as estratégias para reduzir a dívida num prazo de cinco anos, o que deve incluir a venda de ativos, redução de investimentos e até mesmo a redução da participação nos projetos do pré sal.Juros do Cheque Especial e do Cartão batem recorde Os juros do cheque especial tiveram forte aumento nos últimos meses. No fim de 2013 estavam em 148% ao ano e agora atingiram a marca de 220,4% ao ano, de acordo números divulgados pelo Banco Central. Com isso, a taxa atingiu o maior patamar desde dezembro de 1995, ou seja, em quase 20 anos.A taxa mais alta continua sendo do cartão de crédito. Segundo o BC, os juros que incidem quando os clientes não pagam a totalidade de sua fatura, atingiram absurdos 345,8% ao ano em março. Essas linhas de crédito devem ser evitadas ao máximo e reservadas para momentos excepcionais e por um período reduzido de tempo.


Outras modalidades de crédito também estão mais caras. No crédito pessoal para pessoas físicas (sem contar o consignado), a taxa média cobrada pelos bancos somou 104,5% ao ano em março. A taxa média de juros cobrada pelas instituições financeiras no crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) está em 26,8% ao ano, e permanece sendo uma das linhas de crédito com menor taxa de juros do mercado.
Ainda segundo o BC, a taxa média de juros para aquisição de veículos por pessoas físicas ficou em 24,7% ao ano em março. Como o Banco Central vem elevando a taxa básica de juros da economia, a Selic, os juros cobrados pelos bancos vão continuar em alta, inclusive para as empresas.A inadimplência continua muito alta, embora permaneça estável em relação às famílias, que estão cautelosas em decorrência da crise na economia, com o risco de desemprego, e também porque os bancos estão mais exigentes na concessão de crédito. No setor empresarial os indicadores de inadimplência estão subindo

José Carlos Bigotto
Departamento de Economia

Destaque Econômico

15/05/2015

Mesmo em um ano marcado por indicadores negativos – economia em recessão com queda do PIB acima de 1%, taxa de desemprego em alta beirando os 8%, previsão de fechar o ano com inflação próximo de 9%, entre outros, os brasileiros pagarão mais impostos em 2015. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), o ajuste fiscal adotado pelo governo deve elevar a carga tributária brasileira em 0,8 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Isso significa que os brasileiros pagarão R$ 55 bilhões a mais em impostos e contribuições.Os cálculos indicam que todas as medidas anunciadas pela equipe econômica representam um adicional de R$ 39,80 bilhões à carga tributária. Outros R$ 7,7 bilhões virão de Estados e municípios. O fim dos subsídios ao setor elétrico também está gerando um ganho superior a R$ 7 bilhões ao Tesouro.Confirmada a tendência, a alta de impostos em 2015 seria o dobro da registrada em 2014. O tamanho efetivo da carga tributária vai depender da evolução da economia, pois a arrecadação já está sendo afetada pela retração da atividade econômica.

Para especialistas em contas públicas, os aumentos de tributos são necessários para cobrir os gastos públicos, que continuam subindo mesmo com a economia estagnada. Para alterar esse quadro somente com reformas, para mudar a estrutura dos gastos, que vão se tornando insustentáveis.

Trabalho até o fim de maio só para o pagamento de impostos 
O IBPT também desenvolveu o estudo “Dias Trabalhados para Pagar Tributos”, concluindo que este ano o brasileiro irá trabalhar 151 dias, até 31 de maio ou o equivalente a cinco meses completos, somente para pagar impostos, taxas e contribuições aos cofres públicos, o que já aconteceu em 2014.
O estudo constata ainda que o povo brasileiro trabalha atualmente quase o dobro de dias para cumprir suas obrigações junto ao governo do que nas décadas de 1970 e 1980, quando eram dedicados, respectivamente, 76 e 77 dias de trabalho com esse objetivo.

Além de pagar os tributos embutidos no preço dos produtos e serviços que consome, como ICMS, PIS, COFINS, IPI, ISS, o brasileiro paga tributos sobre a propriedade, como IPVA, IPTU e ITCMD; sobre o rendimento, como Imposto de Renda Pessoa Física e Contribuição Previdenciária, e arca ainda com taxas e contribuições de limpeza, coleta de lixo e iluminação pública. Por isso, é fundamental que o indivíduo tenha essa percepção, para poder cobrar de seus governantes e políticos o retorno em serviços de qualidade”, afirma o relatório do IBPT, segundo o qual o pagamento de tributos irá subtrair, em média, 41,37% do rendimento bruto do brasileiro.Na comparação com outros países, o Brasil exige que o cidadão destine mais dias de trabalho para pagar tributos do que na Alemanha, (139 dias); na Bélgica (140 dias) e na Hungria, (142 dias). “Neste quesito, o Brasil se aproxima de países como a Noruega, por exemplo, onde o cidadão trabalha por 157 dias para pagar tributos. A diferença, no entanto, está na qualidade de vida oferecida naquele país”, ressalta o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.

Inflação e desemprego
O IBGE divulgou dois números importantes da economia brasileira, registrando o difícil período que estamos atravessando.A inflação oficial - o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) - desacelerou em abril para 0,71%. Embora ainda alto, é quase a metade do índice de março e sinaliza a freada dos preços pela retração da economia. Mas o acumulado do ano já bateu em 4,56%, mais do que a meta de 4,5% estabelecida para o ano todo. Em 12 meses a alta é de 8,17%, com tendência de alta pela substituição de números mais baixos do ano passado por mais altos este ano. A previsão para a inflação de 2015 é de um número próximo de 9%, conforme o Boletim Focus do Banco Central, o que é extremamente alto. Em 2016 deve cair para 6%.Outro índice revela a intensa desaceleração do mercado de trabalho – a taxa de desemprego subiu para 7,9% em todo o País no primeiro trimestre de 2015. A população desempregada subiu 12%, na comparação com o mesmo período do ano passado, e agora são 7,934 milhões de pessoas, o que mostra que as pessoas buscam mas não conseguem uma colocação. A renda média estimada em R$ 1.840 permaneceu estável.

José Carlos Bigotto
Departamento de Economia

Destaque Econômico

15/09/2015

Orçamento com déficit de R$ 30,5 bilhões: sociedade vai pagar a conta

Em 2016 as receitas do governo não serão suficientes para cobrir os gastos. Vai haver um rombo de R$ 30,5 bilhões e nessa conta não estão incluídos os juros da dívida pública. O governo reconhece que não tem mais instrumentos para promover o reequilíbrio das contas públicas e pede ajuda do Congresso. Fez uma última tentativa para a ressurreição da CPMF, o imposto do cheque, mas rapidamente constatou que não havia chance de aprovação. Diante das dificuldades mandou para o Congresso, pela primeira vez, o orçamento com déficit, com repercussão negativa no mercado. Houve cobranças por maior corte de gastos, já que o País não suporta mais aumento da carga tributária, que está acima dos 35%. Segundo a área econômica, foram feitos os cortes possíveis, inclusive em programas sociais como o PAC, Minha Casa Minha Vida e Ciência Sem Fronteiras. Mas argumenta que somente os gastos obrigatórios, entre eles a Previdência Social, os salários dos funcionários públicos, as áreas da Educação e da Saúde e outros benefícios sociais, consomem 90,5% do orçamento, restando pouco espaço para cortes sem a revisão desses gastos. Somente o déficit da Previdência, que foi de R$ 56,7 bilhões em 2014, deverá atingir R$ 88,9 bilhões no final deste ano e R$ 125 bilhões em dezembro de 2016.

Para aumentar a receita, estão  sendo propostos aumentos de vários impostos, como o PIS/Cofins sobre informática, a tributação de bebidas quentes, o imposto de renda sobre direitos de imagem e o IOF sobre operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Com essas mudanças, a estimativa é de que R$ 11,2 bilhões entrem a mais nos cofres públicos. Outras receitas extraordinárias devem render R$ 37,3 bilhões entre alienação de imóveis e de direitos de domínio da União, aperfeiçoamento na cobrança da Dívida Ativa da União, leilão da folha de pagamento do funcionalismo, a venda de participações acionárias e uma nova rodada de concessões. Só com novos leilões na área de infraestrutura, o governo espera arrecadar R$ 10 bilhões. A palavra de ordem do governo é a construção de propostas juntamente com a sociedade e o Congresso Nacional para viabilizar mudanças legais que permitam a redução dos gastos obrigatórios. Enquanto isso o País caminha para o terceiro ano com déficit nas contas públicas e pode perder o “grau de investimento”, que garante aos investidores internacionais que um país é seguro. PIB encolhe 1,9% e Brasil está em recessão O Brasil está oficialmente em recessão – dois trimestres seguidos de queda do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado do segundo trimestre – o PIB encolheu 1,9% - veio mais forte do que o previsto e levou os analistas a revisarem as projeções para 2015, trabalhando agora com índice negativo de 2,5%, na média. É a pior recessão desde 1990, quando o governo Collor confiscou a poupança e os depósitos bancários. Com as principias economias do mundo crescendo, como exemplo os Estados Unidos registram + 3,7% no trimestre, o desempenho da economia brasileira nos coloca entre os últimos colocados. Todos os dados apurados pelo IBGE foram negativos, mas chamou a atenção a queda dos investimentos, de 8,1% na comparação com o trimestre anterior, o oitavo recuo seguido. Na comparação com o mesmo trimestre de 2014, a queda foi de 11,9%. Com os investimentos em baixa a recuperação da economia fica mais distante. Os números da crise O setor de serviços – que responde por dois terços da renda gerada na economia – encolheu 1,4% na comparação com 2014, o pior resultado em 20 anos. O consumo das famílias caiu pelo segundo trimestre consecutivo, agora em 2,7% e os serviços ligados à indústria aumentaram a pressão. Na comparação com o trimestre anterior: comércio – 3,3%, transporte -2,0% e serviços de informação -1,3%. No setor industrial a queda foi de 4,3%, sendo -8,4 na construção e -3,7 na indústria de transformação. A exportação de manufaturados, estimulada pela valorização do dólar, deve contribuir para melhorar o desempenho do setor.

José Carlos Bigotto
Departamento de Economia

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